Thursday, May 25, 2017

“Real - O Plano Por Trás da História”




Adaptado do livro “3.000 dias no bunker”, do jornalista Guilherme Fiúza, “Real - O Plano Por Trás da História”, dirigido por Rodrigo Bittencourt, foge acertadamente do economês para contar a história da equipe de economistas formada pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso em 1993 para a criação de um plano econômico para derrubar a inflação, que à época chegava aos 50% ao mês.

A trama, claro, teve de utilizar momentos de liberdade fictícia para poder contar aquele momento que se tornaria histórico. E é centrado no economista totalmente liberal Gustavo Franco, professor de economia, antipetista ferrenho e mostrado como um homem sem escrúpulos, que abria mão de um casamento para tentar derrotar a inflação. Ele é vivido por Emílio Orciollo Netto. Sua vida é mostrada em dois tempos, uma naquele ano de 1993, e outro exatamente dez anos depois, quando depôs na CPI do Banestado.

O filme também é cuidadoso ao mostrar os bastidores do governo de Itamar Franco (Bemvindo Sequeira), presidente tampão no lugar de Fernando Collor de Mello, que um ano antes havia sofrido impechment. Em 1994 ele daria lugar a FHC (Norival Rizzo), eleito graças ao sucesso do Plano Real.

“Real - O Plano Por Trás da História” também utiliza alguns personagens fictícios, como a jornalista Valéria Vilela (Cássia Kis), que realiza uma entrevista com Gustavo Franco, a sua assessora Denise (Mariana Lima) e o deputado petista Gonçalves (Juliano Cazarré). Aliás, o trabalho dos atores do filme deve ser ressaltado, pois eles não tentam fazer apenas imitações dos personagens reais, conseguindo dar persolidadade e veracidade aos seus interpretados. O grande destaque acaba mesmo sendo Emílio Orciollo Netto, que mesmo vivendo alguém arrogante e por vezes estúpido, gera empatia por não ter a língua presa, falando o que acha que deve falar, mesmo se machucar alguém. E a obra ainda se mostra atual por alfinetar a onda de roubalheiras que assolam o país.

Duração: 1h35min

Cotação: bom
Chico Izidro

“A Família Dionti”



A Família Dionti, de Alan Minas, tem ares de realismo fantástico nesta bonita obra infanto-juvenil, mostrando a vida de um garoto vivendo no interior de Minas Gerais. Atemporal, pois por vezes, parece que estamos nos anos 1970 – observe os pôsteres na parede do quarto do protagonista, os veículos e as roupas – mas repentinamente um personagem surge falando ao celular.

O longa mostra o dia a dia do menino Kelton (Murilo Quirino), que mora com o pai Josué (Antônio Edson) e o irmão Serino (Bernardo Santos) num pequeno sítio nos rincões de Minas Gerais. Pela manhã os garotos estudam e à tarde ajudam o pai, que trabalha numa olaria, e quando sobra tempo, jogam bola e planejam reencontrar a mãe, que um dia simplesmente foi embora, pois derreteu.

Um belo dia, a vida de Kelton começa a sofrer mudanças, quando um circo chega à cidade. E com ele a pequena Sofia (Anna Luiza Marques), cujo pai é trapezista. Ela passa a estudar na mesma escola dele, e os dois criam um laço de amizade, mais de amor por parte de Kelton. E Sofia conta histórias mágicas sobre os colegas circenses, aumentando ainda mais a imaginação do garoto, que literalmente passa a derreter de amor pela garota.

O filme tem um grande clima poético, daquela pureza interiorana que hoje em dia não se vê mais. E as atuações de seus jovens atores é muito cativante. Kelton vai derretendo aos poucos, o irmão Serino tem sonhos tristes e chora grãos de areia. Já o pai, rígido mas compreensivo – a cena dos três jogando bola é linda demais -, teme que os filhos sigam os passos da mãe.


Duração: 1h37min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Faces de Uma Mulher” (Orpheline)



Dirigido por Arnaud des Paillières, “Faces de Uma Mulher” (Orpheline), possuía os ingredientes para ser um excelente filme, mas acaba tropeçando em sua soberba. Ele exige do espectador uma bola de cristal para se fazer entender, ou que pelo menos, ocorra um pré-conhecimento do que pretendia o diretor. E ele acaba apresentando um quebra-cabeças.

A trama foca na vida de quatro mulheres, todas de idade diferentes e épocas distintas. Tudo começa com a jovem Renée (Adèle Haenel), que é professora e está grávida, mas se envolve em um crime, acabando sendo presa. Então ocorre uma mudança na história, que passa a focar Sandra (Adèle Exarchopoulos), que chega em Paris e obtém um trabalho no jóquei clube, e aos poucos começa a praticar pequenos desvios de dinheiro.

Quando queremos saber o que ocorre com Sandra, o filme passa a focar outra garota, a problemática Karine (Solène Rigot), que não consegue se entender com o seu pai, e está sempre fugindo, buscando a atenção de homens em boates ou até mesmo nas ruas. Por fim, aparece a pequena Kiki (Vega Cuzytek), garotinha protagonista de um desastre. Certo dia, ao brincar de esconde-esconde com dois amigos, eles somem misteriosamente, traumatizando a pequena para sempre.

E não é spoiler, mas o diretor em sua difícil apresentação dos fatos ocorridos no longa, tenta mostrar que todas elas são a mesma pessoa, em diferentes momentos de suas vidas. Faltou um manual para ele se fazer entender melhor.

Duração: 1h51min

Cotação: regular
Chico Izidro

“Muito Romântico”




“Muito Romântico” é puro cinema experimental. Mas sejamos francos e honestos, um verdadeiro pé no saco. Não se entende como os realizadores conseguiram financiamento para este filme, que se pretende um viagem estética, artesanal e outras coisas mais. Alguns intelectuais vão dizer: “ah, mas você não entendeu o que eles quiseram dizer”. Então está bem, me explique, por favor!

Os diretores e roteiristas são o casal Melissa Dlilius e Gustavo Jahn (de O Som ao Redor). No filme, eles representam um casal que se muda para a alemã Berlim, onde alugam um pequeno apartamento. E os dois tentam transmitir o que se entende por amor, convivência. A dupla toca, canta, pinta, conversa e entedia de uma forma impressionante o espectador. O casal está tentando transmitir o que sente vivendo em um país estranho.

Enfim, a obra em questão quer exigir do espectador mais do que paciência e atenção – quer entendimento, mas para isso precisariam ter sido mais claros em seus objetivos, mesmo porque a proposta é totalmente fora do convencional.

Duração: 1h08min

Cotação: ruim
Chico Izidro

Wednesday, May 17, 2017

“Corra!” (Get Out)




O filme começa com um rapaz negro caminhando por uma rua escura em um bairro branco. Ele conversa ao telefone e vai ficando nervoso. Segundos depois leva uma pancada na cabeça e é colocado em um carro. Eis um longa de terror. Então se passam meses, e aparece um casal inter-racial, o fotógrafo negro Chris (Daniel Kaluuya) e a jovem Rose (Allison Williams). Eles combinam de passar o final de semana na casa dos pais dela, mas a garota não falou que o namorado é afro-americano. Mas ele não deve se preocupar, pois os pais dela são liberais e votaram em Obama. Parece uma comédia romântica.

Eis o filme “Corra!” (Get Out), dirigido pelo comediante Jordan Peele. E logo a obra começará a dar sinais de que algo é diferente. Ao chegar na bela mansão dos Armitage, formado pelo neurocirurgião Dean (Bradley Whitfortd) e a psicóloga Missy (Catherine Kenner), adepta do hipnotismo. Chris não se sentirá discriminado, mesmo que as conversas do casal pareçam um pouco forçadas. Mas tudo parece tão certinho, tão politicamente correto. De diferente na casa, os empregados são negros e parecem não se sentirem confortáveis com a presença do fotógrafo ali – talvez por ele ser tratado como uma visita, enquanto que eles são nada mais que criados, lançando olhares estranhos para Chris.

“Corra!” é uma versão modernizada e de terror do clássico protagonizado por Sidney Poitier em 1967, “Adivinhe Quem Vem Para Jantar?”, um libelo contra o segregacionismo. Ali Sidney Poitier era um negro que aparecia na casa de Katherine Hepburne e Spencer Tracy, pais da sua noiva, que em princípio ficam em choque, mas aceitam o genro – médico e bem-educado.
Chris também é culto, bem nascido, mas desconfiado. Por mais que seja bem recebido, escute elogios, algo está errado naquela mansão. E isso o incomoda demais.

O filme acaba discutindo o racismo de forma até leve, e divertido – em certo momento um dos personagens solta a pérola “o negro está na moda”. E pelas tantas, some o romance e se junta ficção científica ao terror presente. Mas não dá para contar aqui o que se sucede sem dar spoiler. Mas que é um filme assustador e que faz pensar, ah, sem dúvida.


Duração: 1h44min

Cotação: ótimo
Chico Izidro


"Antes Que Eu Vá" (Before I Fall)




“Antes Que Eu Vá” (Before I Fall), direção de Ry Russo-Young, remete diretamente ao hoje clássico “Feitiço do Tempo”, protagonizado por Bill Murray e Andy MacDowell em 1993. Nesta comédia romântica, Murray era um repórter arrogante que acabava ficando preso no mesmo dia durante anos, mas que ao repetir sempre a mesma rotina, acabava mudando o seu jeito de ser, tornando-se uma pessoa melhor.

E em “Antes Que Eu Vá” (Before I Fall) não é diferente para Samantha Kingston (Zoey Deutch), adolescente que tem tudo na vida, pais maravilhosos, uma irmã pequena carinhosa – a quem ela trata muito mal - e amiga parceiras, mas mimadas e que são praticantes do bullying na escola. Também tem um namorado bonito, mas mauricinho. E os dois planejam fazer amor pela primeira vez no dia 12 de fevereiro – dois antes do Valentine’s Day – o dia dos namorados nos Estados Unidos.

E Samantha acorda naquele dia, segue sua rotina, que acabará em tragédia no final. E Samantha acorda no dia seguinte, pensando que tudo não passou de um pesadelo, e os acontecimentos vão se repetindo, e ela morre de novo. Para acordar de novo e tudo se repetir, até ela se dar conta de que está presa ao mesmo dia. E que pode mudar coisas em sua vida e até na de outras pessoas. Enfim, “Feitiço do Tempo” redivivo. Mas até tem seu valor.

Começa ruim, parecendo mais um filme de patricinhas, com personagens estereotipados, mas tudo de forma proposital. Aos poucos vamos entendendo suas motivações. E o longa se torna agradável, ainda mais por causa da boa atuação de Zoey Deutch, que já havia sido vista em “Jovens, Loucos e Rebeldes” e “Tinha Que Ser Ele?”.


Duração: 1h38min

Cotação: bom
Chico Izidro

“Rei Arthur: A Lenda da Espada” (King Arthur: Legend of the Sword)




Dirigido pelo ex-marido de Madonna, o cineasta inglês Guy Ritchie, “Rei Arthur: A Lenda da Espada” (King Arthur: Legend of the Sword), traz elementos da filmografia do cineasta, como os flash-backs e os lances explicativos da trama. Mas também tenta se aproximar de obras fantásticas como “O Senhor dos Anéis” e “Game of Thrones” com seus dragões, magos e batalhas grandiosas.

A vida do Rei Arthur ganha elementos mágicos. Tudo começando com uma batalha entre a Inglaterra e magos que desejam destituir o rei Uther (Eric Bana), pai de Arthur. Ele não sabe, mas foi traído pelo irmão Vortigen (Jude Law), que acaba assumindo o trono. O menino Arthur foge e se esconde pelas ruas de Londinium, onde é protegido por prostitutas. Anos depois, já adulto e com a cara de Charlie Hunnam, de “A Colina Escarlate”, Arthur, um malandro das ruas, surge para resgatar a mágica espada Escalibur, sendo o único homem a conseguir tirá-la de uma rocha, e reunir um grupo de rebeldes para tentar tirar Vortigen do comando do reino.

O filme tem qualidades, mas também exagera um pouco abusando de momentos mágicos, tirando muito os pés do chão. Por vezes parece uma obra de Guy Ritchie, por outras parece um trabalho de diretores moderninhos, que gostam de efeitos especiais exagerados. E também dá sinal de que deverá haver sequências, com o surgimento dos Cavaleiros da Távola Redonda.

Duração: 2h06min

Cotação: bom
Chico Izidro

Thursday, May 11, 2017

“Alien: Covenant”



Passados dez anos depois dos incidentes registrados em “Prometheus”, “Alien: Covenant”, novamente dirigido por Ridley Scott, que já havia nos dado em 1979 o assustador e claustrofóbico “Alien: O Oitavo Passageiro”, que pela ordem cronológica da cinessérie, transcorre cerca de 30 anos depois. O filme anterior, de 2012, perdeu um pouco de suspense e terror, que agora voltam com força.
Na trama, a nave Covenant, transportando milhares de colonos para um planeta distante a ser povoado, sofre uma pane, e os tripulantes acabam acordando do sono criogênico – eles deveriam dormir por sete anos, até a chegada da nave ao seu destino.

Os astronautas acabam recebendo sinais de vida de um planeta mais próximo, e o comandante Oram (Billy Crudup) decide investigar a sinalização. Claro que de forma equivocada. O novo planeta parece ser habitável, e os tripulantes começam a fazer planos de ali se estabelecerem – mas logo começam a ser atacados por uma estranha criatura, que se instala em suas entranhas e toma uma forma assustadora e destruidora ao sair do corpo de seus hospedeiros.

Ah, no tal planeta também está o androide David (Michael Fassbender), único sobrevivente de “Prometheus”. E o robô não tem intenções muito pacifícas, como parece querer crer. Fassbender faz papel duplo, atuando também como outro androide, o bondoso e obediente Walter. A heroína da vez é a astronauta Daniels (Katherine Waterston), viúva do capitão do Covenant, Branson (James Franco), que morreu quando do acidente da nave. Ela até faz lembrar um pouco Ripley, da inesquecível Sigourney Weaver, ainda mais usando um cabelinho curto.

E Scott consegue desta vez trazer medo e tensão na telona, deixando os espectadores nervosos e angustiados. Mas sabemos que lá pelas tantas vai ser aquilo: quem será o próximo personagem a ser assassinado pelo monstrengo.

Duração: 2h02min
Cotação: bom
Chico Izidro

“O Dia do Atentado” (Patriots Day)



Os Estados Unidos sofreram seu segundo atentado terrorista em 2013, durante a Maratona de Boston. Três pessoas acabaram morrendo e mais de duas centenas ficaram seriamente feridas, muitas perdendo partes do corpo. Agora este evento é recriado em “O Dia do Atentado” (Patriots Day), direção de Peter Berg. E ele consegue fazer um ótimo thriller, apesar de já sabermos o que ocorreu naquele dia e nos seguintes.

O atentado foi organizado por dois irmãos muçulmanos e chechenos Dzhokhar Tsarnaev e Tamerlan Tsarnaev – que explodiram duas bombas caseiras feitas com panelas de pressão perto da linha final da maratona. O filme mostra os vários lados do acontecido no dia 15 de abril daquele ano, com a preparação do atentado pelos dois irmãos, a explosão, até a investigação do FBI e da polícia de Boston, e depois a caçada humana que sucedeu, culminando na prisão dos dois terroristas.

Esta é a terceira produção de Berg tendo Mark Wahlberg como protagonista – os outros dois filmes foram “O Grande Herói” (Lone Survivor) e Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (Deepwater Horizon). Aqui Wahlberg vive o policial Tommy Saunders, que participou ativamente das investigações e da perseguição aos chechenos. O filme tem ainda Kevin Bacon como agente do FBI, John Goodman como o comissário de polícia de Boston e J.K. Simmons no papel de um veterano policial.

E como escrevi acima, “O Dia do Atentado” (Patriots Day), apesar de sabermos o que ocorreu, Peter Berg consegue imprimir um suspense fantástico. A tensão vai num crescendo, nos fazermos suar frio, seja na cena das explosões ou quando os Tsarnaev foram descobertos. Um filmaço.

Duração: 2h09min
Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Uma Dama de Óculos Escuros Com Uma Arma no Carro” (La Dame Dans L’auto Avec Des Lunettes Et Um Fusil)



“Uma Dama de Óculos Escuros Com Uma Arma no Carro” (La Dame Dans L’auto Avec Des Lunettes Et Um Fusil”, dirigido por Joann Sfar e baseado em livro escrito por Sébastien Jafrisot, é daquelas histórias que o personagem principal se pergunta o porque de ter tomado tal decisão, que acabou se mostrando equivocada, e ameaça agora acabar com a sua vida, até então levada de forma tranquila.
A trama aparenta se passar nos anos 1970 – o filme não indica, mas as roupas, cabelos, óculos e carros dos personagens demonstra isso.

E tudo começa quando a bonita secretária Dany (Freya Mavor) recebe um pedido de seu chefe, Michel (Benjamin Biolay) – ele vai passar o final de semana com a mulher Anita (Stacy Martin) e a filha pequena na Suíça. Então Dany os leva ao aeroporto e depois deixa o carro dele, um cobiçado Thunderbird, na mansão. A primeira parte é feita por Dany, mas de posse do carrão, ela decide ir para o sul da França. Afinal, com mais de 20 anos de idade, nunca viu o mar e quer matar este desejo.

A decisão vai se mostrar equivocada, quando ela começa a se dirigir para o litoral. A cada localidade as pessoas dizem que ela já passou por ali no dia anterior. Dany nega, mas todos sempre insistem: é ela. O cabelo, os grandes óculos de grau. O carro. Aos poucos pequenos incidentes vão surgindo, e Dany se envolve com um pequeno trambiqueiro, George (Elio Germano). E acabar encontrando no carro um cadáver e um rifle.

Neste ponto o espectador já foi fisgado pela curiosidade. Afinal, para onde a diretora pretende seguir. O que está ocorrendo? O final, claro não contarei aqui, é surpreendente, e faz ver que valeu a pena percorrer os 93 minutos deste bom filme de suspense.

Duração: 1h33min

Cotação: bom
Chico Izidro

“A Autópsia” (The Autopsy of Jane Doe)



“A Autópsia” (The Autopsy of Jane Doe), com direção de André Øvredal, é um filme de terror que se passa praticamente em um único ambiente. E é feito de altos e baixos, mas não deixa de ser assustador e de incentivar a nossa curiosidade. E tudo é cercado por um forte clima de mistério, já em seu início. Em uma casa de uma daquelas típicas cidadezinhas americanas, uma família é encontrada assassinada. Mas o pior é quando a polícia vai ao porão e acha o corpo de uma garota semi-enterrado.

O xerife então encaminha o corpo da garota desconhecida, por isso Jane Doe ou uma espécie de Jane Ninguém, assim como eles chamam os corpos de homens desconhecidos de Joe Doe ou Zé Ninguém, para o necrotério afim de que seja feita uma autópsia detalhada nela – afinal não existem sinais de violência, nem feridas ou hematomas pelo corpo. O trabalho fica a cargo do legista Tommy Tilden (Brian Cox) e de seu filho Austin Tilden (Emile Hirsch).

E durante a autópsia, estranhos incidentes começam a ocorrer na pequena e apertada sala. E o corpo de Jane Doe, interpretada por Olwen Catherine Kelly, que simplesmente não se mexe durante todo o filme, apresenta sinais de feitiçaria em seu interior, intrigando ainda mais pai e filho, que começam a ver visões e se apavorar. E lá fora cai uma forte tempestade, e não tem ninguém para ajudá-los. Os dois parecem pouco a pouco a enlouquecer.

Para o espectador também pouca coisa é explicada, fazendo com que aparentemente estejamos trancados também naquele porão úmido e apertado. O ritmo é vigoroso, dinâmico. E não recomendável para quem é claustrofóbico.

Duração: 1h39min
Cotação: bom
Chico Izidro

“Guardiões da Galáxia Vol. 2” (Guardians of the Galaxy Vol. 2)




Continuação do estrondoso sucesso de 2014, “Guardiões da Galáxia Vol. 2” (Guardians of the Galaxy Vol. 2), dirigido por James Gunn, traz de novo a turma formada pelo semi-humano Peter Quill/Senhor das Estrelas (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), o guaxinim Rocket (dublado por Bradley Cooper) e a arvorezinha Groot (dublado por Vin Diesel). E estão lá a trilha sonora forte, calcada em sucessos dos anos 1970, a exemplo do primeiro filme, muito humor, e claro, o velho papo de “a família é tudo nesta vida”.

Na trama, os Guardiões estão numa missão no espaço para os humanoides conhecidos como Soberanos. No final da empreitada, Rocket não se segura e comete um pequeno roubo, o que enfurece os Soberanos. Ao tentar fugir deles, os heróis acabam dando de cara com o sumido pai de Peter Quill, Ego, interpretado pelo veterano Kurt Russel. Aliás, logo no começo do filme, passado nos anos 1980, aparece o ator, rejuvenescido digitalmente.

Agora Quill encontrou o seu pai, que não o vira crescer. Quill foi criado pelo ladrão e mercenário Yondu (Michael Roocker, que vivia Merle, o irmão de Daryl em The Walking Dead), em uma atuação que vai da hilária ao trágico, mas sempre sem perder a ternura. Ego aparece mostrando que quer recuperar os anos perdidos ao lado do filho, mas ao longo do filme, veremos que não é bem assim.

E “Guardiões da Galáxia Vol. 2” segue com boas e divertidas aparições de coadjuvantes, como a irmã rancorosa de Gamora, Nebula (Karen Gillian), a garota inseto Mantis (Pom Klementieff). Aliás, todos os personagens que aparecem em cena, sejam eles mocinhos ou bandidos, são repletos de carisma, se destacando o ogro Taserface (Chris Sullivan, do seriado This Is Us), que tenta vender o seu nome como assustador, mas toda a vez que ele fala: “Sou o terrível Taserface”, a audiência cai na gargalhada.
E ainda tem o romance rola não rola entre Peter Quill e Gamora. Enfim, depois de 2h17min, que passam voando, devido ao acerto de suas cenas bem construídas – nada daquelas câmeras balançando e lutas em ritmo frenético, que deixam a gente tonto. Tudo é bem dosado, que mesmo aqueles que não são fãs de ficção científica, devem curtir. Ah, e espere os finais dos créditos – são cinco cenas adicionais, uma com aparição divertida do mestre Stan Lee.

Duração: 2h17min
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Thursday, May 04, 2017

“A Filha” (The Daughter)



Segredos de família não costumam sem nada agradáveis. Em “A Filha” (The Daughter), direção de Simon Stone, eles aparecem para acabar com a paz e tranquilidade de uma delas. A trama se passa em uma pequena cidade no interior da Austrália. E tudo começa quando Christian (Paul Schneider), depois de vários anos distante de casa, retorna para acompanhar o casamento do pai, Henry, (Geoffrey Rush) com uma mulher 30 anos mais jovem.

Na cidadezinha, ele, que é alcoólatra, encontra seu melhor amigo de infância, Oliver (Ewen Leslie), que acabou de perder o emprego – ele era empregado da madereira de Henry, que a fechou por não obter lucro. E Oliver tem uma família perfeita, formada pela mulher Charlotte (Miranda Otto) e a filha perfeita, Hedvig (Odessa Young, de atuação esplendorosa). A garota usa cabelos da cor rosa, é talentosa e tenta, sem sucesso, perder a virgindade com o namoradinho. E ela é que será o estopim da tragédia que se avizinha. Tanto que o filme se chama “A Filha”.

Mas não cabe contar aqui como se chegará a tal ponto, que tem uma frase forte de um dos personagens: “Saia daqui. Eu nem consigo olhar para você”. A trama vai sendo servida em pílulas, mas quando chega o ápice, é como um tapa na cara. E mesmo passados tantos anos e tanto amor, fica a pergunta: “Não é possível perdoar, afinal determinada escolha foi feita por amor”. É um filme forte e belo.

Duração: 1h34min
Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Melhores Amigos” (Little Men)



Jacob (Theo Taplitz) é um garoto de talento para as artes, mas solitário em Manhatan. Certo dia a família recebe a notícia de que o avô morreu. Com dificuldades financeiras, todos se mudam para o casarão que ele deixou no Brooklyn. E a vida de Jacob vai virar repentinamente em “Melhores Amigos” (Little Men), dirigido por Ira Sachs. Ao chegar ao novo bairro, o adolescente fará amizade com Tony (Michael Barbieri), que é filho da costureira que aluga uma loja anexa a casa.

Os meninos se entendem imediatamente. Mas nada será fácil para eles. Afinal, a mãe de Tony, Leonor (Paulina Garcia) passou anos pagando um aluguel irrisório para o falecido avô de Jacob. E os pais dele, Brian (Greg Kennear) e Kathie (Jennifer Ehle) querem um reajuste. Brian é um ator de teatro que ganha muito mal e quem realmente sustenta a família é Kathie. E este conflito entre os pais de Jacob e Tony poderá interferir na amizade dos dois, que no primeiro momento, ao sentir o clima pesado entre seus familiares, decidem fazer uma greve de silêncio – é saborosa a cena em que os meninos tentam não falar quando interpelados por seus pais.

E Tony ainda serve como porto seguro para Jacob, vítima de bullying por sua habilidade com as artes – os outros meninos o vem como um afeminado. E o próprio filme deixa isto em aberto, abrindo a dúvida de que Jacob nutriria uma paixão pelo melhor amigo.
Os garotos estão ótimos em seus papéis, mas os adultos também brilham. Principalmente Greg Kinnear e Paulina Garcia, conhecida como a intérprete da mãe de Pablo Escobar na série “Narcos”. O embate entre os dois nos faz se agitar na poltrona, e pelo jeito com que Paulina atua, acabamos torcendo contra ela.

Duração: 1h25min
Cotação: ótimo
Chico Izidro